colunista do impresso

O mar não está pra plástico

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Na onda da preocupação com plásticos surgem novidades quase diariamente. São plásticos produzidos a partir do abacaxi, maracujá, além dos já conhecidos da mandioca, milho, batata e trigo e, também, da cana-de-açúcar. Eles têm uma grande vantagem, são produzidos a partir de recurso natural renovável, diferente do petróleo, que demora milhões de anos e necessita de condições especiais para se formar. Além disso, as matérias vegetais são biodegradáveis. Significa dizer que os microrganismos presentes no ambiente conseguem degradá-los.

Os plásticos convencionais não são biodegradáveis, por isso demoram centenas de anos para se decompor. Os de vegetais demoram poucos meses. Todas estas inovações no campo dos polímeros são positivas, mas isso não quer dizer que a troca elimina a poluição. Este alerta não vejo informado. A impressão que dá é que a poluição está resolvida, pois ao entrarem em contato com o ambiente, inclusive o mar, as bactérias irão "comê-los". É bom que se esclareça que neste processo também são gerados produtos de decomposição e se continuarmos consumindo a quantidade atual, a matéria orgânica resultante também vai causar impacto ambiental - processo similar ao que acontece com os restos de comida.

A decomposição da matéria orgânica é um processo aeróbio, necessita de oxigênio do meio para ocorrer. Quando a concentração é elevada, o oxigênio é todo consumido. Isso ocorre nas sangas que recebem lixo e esgoto sem tratamento. O mau cheiro indica a poluição característica de ambiente anaeróbio (sem oxigênio). É por este motivo que não basta a troca. O problema não está resolvido! Não resolve trocar seis por meia dúzia.

O importante, não apenas em relação aos plásticos, mas também aos outros materiais, é a redução, ou seja, usar cada vez menos. O meio ambiente não suporta mais a carga diária de lixo. A capacidade de assimilação, inclusive dos biodegradáveis, é limitada. As leis que visam apenas proibir o uso de determinados produtos e liberam outros, como é o caso da lei dos canudos em Santa Maria, não resolve o problema ambiental, apenas o recodifica. O principal deve ser a mudança de hábito, o que não está ocorrendo. Por que usar canudos? Por que os estabelecimentos os oferecem?

O processo de educação ambiental deve ser exercido por todos, inclusive pelos estabelecimentos comerciais, levando o consumidor à reflexão. O mesmo vale para as sacolas plásticas e outros descartáveis oferecidos como se fosse gentileza ao cliente, no entanto estão embutidos nos preços dos produtos que adquirimos. Além de reduzir podemos reutilizar. Por que não levar a nova compra, as sacolas da anterior? Por que não separar e enviar à reciclagem o que não dá para reaproveitar? A educação ambiental não é direcionada somente às crianças, ao contrário, adultos não educados precisam urgentemente, sê-lo. Deveriam ser o exemplo para as gerações futuras. Depositar nas crianças a responsabilidade pelo futuro significa uma inversão da ordem natural das coisas.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

O livro de Rosa Artigas! Anterior

O livro de Rosa Artigas!

Igualdade: busca incansável Próximo

Igualdade: busca incansável

Colunistas do Impresso